sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Algo importante

Essa semana estava ouvindo Alexandre Garcia na rádio São Francisco.

Ele estava comentando sobre a eleição municipal de São Paulo, os ataques da candidata petista sobre o candidato democrata.

Insinuações sobre sua orientação sexual tem movimentado a eleição por lá.

Achei engraçado, e hipócrita da parte de Marta Suplicy. Acredito que, se tem um lugar onde tal insinuação só traria vantagens ao candidato supostamente gay, dentro do Brasil é São Paulo, afinal de contas, a maior parada gay (ou GLBTT, como alguns preferem chamar, e não me perguntem o que significa pois eu não sei) do país acontece por lá, e mais, Marta Suplicy enquanto prefeita de São Paulo foi uma das defensoras da parada gay, e com direito a discurso de abertura, e tudo mais.

Tal atitude tenha talvez relação ao desespero de ver perdida a eleição.

Alexandre ainda criticava bastante nosso "sapientíssimo" presidente, por, nessa reta final das eleições, aonde seus candidatos mais precisariam dele, com seu apoio nas campanhas, associando sua figura ao do prefeito da cidade, estar viajando mundo afora, pois sabe que seus candidatos, incluindo Marta Suplicy em São Paulo, estão fora das principais disputas, vale apenas de seu apoio moral. Alexandre ainda usa da palavra "conveniente", para caracterizar essa atual viagem do presidente.

Realmente, pensando por esse lado, ela é realmente "muito conveniente". Ou talvez, seja só "coincidência".

Bem, todo esse imbróglio inicial, bastou apenas para que eu fizesse uma reflexão sobre uma afirmativa que ele fez, e que eu, particularmente, não concordei.
Alexandre, ao começar a criticar a candidata petista por seu comportamento, começou sua falar dizendo sobre a eleição da capital paulista e "a mais importante do país".

Fiquei tentando imaginar qual seria, para mim, a importância da eleição de São Paulo, afinal de contas, nem Gilberto nem Marta darão apoio financeiro para minha cidade, ou trarão alguma coisa de especial para nós. E ainda me lembrei de uma outra fala dele mesmo, Alexandre Garcia, há um tempo atrás, que contradizeu um pouco sua fala. Ele dizia que ninguém mora no Estado ou no País, mas no Município, daí a importância de se ter uma prefeitura, você tem uma relação mais direta com o povo, com o eleitorado.

Para mim, em especial, a eleição mais importante do país é a de meu município, e, além do mais, nem tenho a possibilidade de tentar votar em algum dos dois candidatos paulistas. Qual parâmetro usado por Alexandre para medir a importância da eleição? O maior município do país, o maior número de eleitores, a maior economia, ou será o fato de que lá em Brasília eles não estão disputando eleições municipais, e quis escolher ele próprio uma eleição para ser importante?

Isso não importa, o que importa é que, não serei, pelos próximos quatro anos governado por Marta Suplicy ou Gilberto Kassab, mas sim por Antônio Gomide ou Onaide Santillo.

De nada me adianta acompanhar o que está acontecendo por lá, se não souber o que acontece por aqui. Poderei cobrar, poderei exigir, apenas de meu prefeito, não tenho nenhuma relação, nenhum vínculo com qualquer prefeito que for eleito em qualquer outro lugar do país, até mesmo em algum município vizinho ao meu. Seria como dar palpite na vida alheia.

Aliás, por aqui o Lula pode vir passear, que a situação aqui está confortável aos petistas, mais temos ainda 10 dias e muita coisa pode acontecer.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Algo está melhorando

Goiás: 7° colocado do brasileirão séria A, a quatro pontos do G4.
Vila Nova: 2° colocado do brasileirão série B, a treze pontos de garantir matematicamente sua ida para a série A.
Atlético: Classificado para o octogonal final do brasileirão série C, disputando uma das quatro vagas à série B, e garantido de toda forma na série C no próximo ano.

O futebol de Goiás vem se desenvolvendo. Poderemos ter no próximo ano um time na libertadores (pela segunda vez), dois na primeira divisão, e um na segunda. Claro, todos os três times são da capital, mas de qualquer forma já é alguma coisa, algum começo.
Ano passado o Atlético arranhou a vaga para a série B, perdeu na última rodada precisando da vitória para o último colocado do octogonal e sem chance alguma de classificação. Não podemos esquecer também da equipe de Catalão, CRAC, que chegou juntamente com o Atlético e Vila Nova ao octogonal, mas não conseguiu, assim como o Atlético, a vaga, mas toda forma, ano passado de oito times, tínhamos três.
Esse ano temos apenas um. O Anápolis parou na primeira fase, e o Itumbiara na segunda. O Atlético continuou e agora disputa mais uma vez, uma vaga à série B. Importante lembrar que deixou pra trás Guaratinguetá, um dos semi-finalistas do campeonato paulista deste ano, time que durante a primeira fase, foi líder.
O Vila Nova faz uma campanha impressionante na série B, um tima que não classificou sequer para as semi-finais do goianão, e que dava indícios de rebaixamento à série C, vem fazendo uma campanha invicta dentro de casa, bateu, inclusive o Corinthians, que conta apenas com duas derrotas nessa sua passagem pela série B, e uma delas, para o Vila Nova.
O Vila Nova joga terça-feira, no estádio Serra Dourada, contra o Paraná Clube, chance boa de vitória, e que, caso consiga, dizem os matemáticos, fica a apenas 10 pontos em 10 jogos, para classificar-se, ou seja, bastaria empatá-los todos.
Atualmente, está na segunda colocação, a três pontos do quinto colocado, e tem ainda direito a tropeçar numa rodada e continuar dentro do G4.
O Goiás começou o campeonato mal também, quase rebaixando, era um dos mais cotados para arrebatar a vaga para a série B do nacional, mas, vem fazendo a melhor campanha do returno, já está encostado nos líderes, a quatro pontos da zona de classificação para a libertadores e a oito pontos de Grêmio e Palmeiras, portanto, impressionante.
A federação goiana de futebol, por dois anos seguidos adotou algumas medidas para sacudir com o nosso campeonato. No primeiro ano contratou doze jogadores de nível médio, com salários entre R$ 15 mil e R$ 20 mil reais e "doou" um para cada time que disputava a primeira divisão do goianão. No segundo ano contrataram, para apitar as partidas da primeira divisão quatro árbitros do quadro da FIFA.
Disseram que para o ano que vem tem mais coisa vindo, sem contar o fato de que rebaixarão quatro equipes ao invés de duas.
Nosso futebol vem melhorando gradualmente, nosso nível, e vem também se igualando, prova disso é o título do Itumbiara deste ano, Atlético ano passado, e sem contar que foram quatro anos seguidos com quatro campeões diferentes.
Talvez com essa grande melhora dos times da capital (Goiás, Vila e Atlético), os times do interior passem a ser mais valorizados e seja dado a eles a importância que merecem, não o papel de coadjuvante.
Na série D, caso continuemos com as três vagas que tínhamos para a C, mandaremos todos os três times do interior de Goiás, afinal de contas os Atlético, Vila e Goiás já tem vagas garantidas, e Goiânia ainda amarga na divisão de acesso do goianão.
A federação tem que se esforçar para levar ao menos um para a série C e lá deixá-lo, para que possamos ter times em todas as divisões.
Agora é a hora do interior mostrar sua força, seu futebol, e se tudo continuar dessa forma, podemos daqui a alguns anos ter o melhor e mais disputado campeonato estadual do país, competindo com o estado de São Paulo.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Vale Algo ganhar o bronze?

Reposta: Se você estiver disputando uma olimpíada pelo Brasil, é melhor que ouro.

No Pan-Americano, tivemos um festival de medalhas de ouro. Mas mesmo assim, ficamos atrás dos americanos, que, detalhe, mandam ao Pan, os atletas categoria "B", algo como um treinamento de luxo para eles. E ficamos atrás com mais de 40 medalhas.

Sem contar o fato que tínhamos ainda o fator "casa", daí o aumento no número de medalhas. E nossos atletas classe "A" estavam aqui competindo. Achávamos que o Pan era uma prévia do que viria nas olimpíadas.

Poderíamos fazer a contagem do quadro de medalhas como fizeram os americanos talvez, e aí subimos ainda algumas posições. Vergonhosamente, passaram a contar o quadro de medalhas de acordo com o número de medalhas ganhas no total, e não o total de ouro, para determinar o país com melhor participação. Dessa forma eles estavam por cima. Podemos contar por medalhas de bronze então, que dessa forma superamos alguns países ainda.

A questão não é o nosso pífio desempenho, que só mostra a realidade de que não somos um país olímpico. Somos o país do futebol, do vôlei, e só, nada mais. E ultimamente somos, mas com ressalvas. Não deveríamos investir aonde sabemos que as chances são pequenas, mas sim aonde sabemos que somos potência, e que ali, não faremos vergonha.

Mas, talvez a busca por medalhas de ouro, prata, bronze, cobre, latão, ferro e tudo mais, nos trouxe amargas decepções, como os "futebóis", e os vôleis em geral, pois apenas o feminino de quadra salvou-se. O pior é que perdemos três disputas diretas contra os americanos, que se sentem melhor em outras áreas, do que mais precisamente aonde ganharam de nós.

O que traduz esse desempenho desastroso, é a insistência em comemorar e vangloriar aqueles que não ganharam. Pois, ganhar Algo que não seja o Ouro, não é ganhar. Aquele que fica com a medalha de Bronze fez uma prova melhor do que aqueles abaixo dele, mas à frente tem ainda mais dois.

Comemorávamos o Bronze como se fosse o Ouro. Como se aquela medalha fosse a glória maior do esporte. Porque nos esportes coletivos não trazemos então essa comemoração e esse orgulho? O vôlei e o futebol não comemoram suas respectivas medalhas. O sentimento de todos quanto a eles foi de decepção. Mas nosso judô foi o máximo por nos conseguir 3 medalhas de bronze. Assim como duas competidoras da vela, que vibraram com o bronze.

Aposto que se Michael Phelps houvesse ganho "só" 7 medalhas de Ouro, e a última de Prata, não sairia satisfeito das olimpíadas. Não estaria feliz. E saberia que não havia feito seu trabalho da forma como deveria.

Nós, ao contrário, ao sairmos com uma medalha de Bronze, dizemos que foi uma glória, uma conquista, há carreata, passeata, foguetes estourando e uma semana de notícias na imprensa. Afinal de contas, ganhamos o Bronze não é mesmo? Subimos ao pódio.
Enquanto o pensamento for este, não sairemos do Bronze jamais. Ao subir ao pódio, deve-se almejar o lugar mais alto, e não o mais baixo.

Enquanto nosso pensamento for este, não sairemos do Bronze.

Parodiando uma música dos Mamonas Assassinas: "Quando eu disputei as olimpíadas, ganhava Bronze, Prata, de vez em quando um Ouro!"

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Algo proibido

Será que precisávamos realmente limitar o uso de algemas?

Será que é realmente vergonhoso conduzir um cidadão "honesto" de algemas até a delegacia?

Ou vergonhoso é a prática de um crime?

Há alguns dias, somente pelo fato de um certo Daniel Dantas ser conduzido algemado à delegacia, nosso querido presidente do Supremo Tribunal Federal restringiu o uso das algemas.
Eu estou me perguntando até agora, quantos indivíduos já não foram levados algemados até uma delegacia? Pior, quantos já não foram levados injustamente?
Mas, esses a globo não filmou. E esses também não tinham dinheiro.
Isso nos levar a crer que é o dinheiro que faz lei no país, transforma nossos costumes.

O errado não era os policiais que o algemaram, mas sim a TV Globo que apareceu por lá filmando tudo. Foi aquele show. Um verdadeiro Reality Show, tipo um Big Brother Carandiru.

O impressionante é que os policiais é que eram os errados da história.

Mas também, né, coitado. O pobrezinho não poderia ser algemado. Uma alma tão boa. Não havia nenhuma fundada suspeita recaindo sobre ele para nem conduzi-lo à delegacia.

Talvez não devesse restringir o uso de algemas, mas sim o uso da informação mal-veiculada.

Onde nessa parte todos erram, pois, bem ou mal, os policiais queriam aparecer, afinal de contas, quem rejeita 15 minutos de fama?

O caso, no entanto, foi semelhante com o de Maluf e filho, há já algum tempinho, sem lembram?

Gilmar Mendes à época, percebeu o quão estarrecida a sociedade ficou. Afinal de contas, quem não ficou indignado em ver o filho de Maluf descendo do helicóptero e ser algemado em seguida? Foi uma cena chocante, bárbara, e talvez Gilmar Mendes, ao ver a indignação popular, pensou consigo, "caso algum dia eu seja presidente do Supremo e aconteça algo semelhante, irei tomar uma decisão para mudar a vida desse pobre povo".

E então, teve sua chance, tão logo vislumbrou Daniel Dantas ser algemado.

O clamor público o pedia. O clamor público assim o exigia. Ninguém mais queria ver pessoas algemadas na televisão, submetidas a essa degradação, essa humilhação. Realmente, foi uma cena chocante para o país.
Porque, então, Gilmar Mendes, ao invés de "restringir" o uso de algemas, não "restringiu" a participação da imprensa nas operações policiais?

Ou, ao invés de "restringir", então proibisse totalmente que uma foto que seja, mesmo que de celular, com relação a qualquer indivíduo que seja, rico ou pobre, caísse na imprensa. Com sanções e imposições de multas quão duras fossem.

Não há dúvidas de que realmente o uso de algemas em Dantas era desnecessário, já que conduzia-se calma e passivamente à delegacia, e o uso foi tão-somente para mostrar na TV algum serviço.

A limitação desse uso de algemas traz perigo aos policiais, pois há bandidos perigosos e que, caso não tenham algo prendendo suas mãos, são capazes até de matar sua escolta. E mais, com as mãos livres, quem os impedirá de fugir?

Uma solução então, coloque algemas nos pés, que assim não dá pra fotografar, e se fotografar, não aparece o rosto. Mesmo sendo ridícula, acho que é melhor que limitação ao uso das algemas.

Talvez ainda mais vergonhoso que o uso das algemas seja a prática de um crime, e mais vergonhoso que este é ceder a um acontecimento isolado fazendo prejudicar toda uma classe, categoria, ou sociedade.

Infelizmente, o Supremo Tribunal Federal mostrou sua verdadeira face a todos os brasileiros.

Um Tribunal que, ao invés de defender os interesses Constitucionais e salvaguardar a população, sucumbe aos apelos políticos, mostrando que lá dentro, eles são meras fantoches de quem os colocou lá.
Clique aqui, para assistir a uma charge.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Algoleada

Burro!
A palavra exata para descrever o tetra campeão mundial Dunga em seu cargo de técnico da seleção brasileira.
Que a seleção brasileira de futebol nunca soube se portar como campeão em uma olimpíada nós já sabemos. E sabemos bem. Na verdade, nem alimentamos muitas esperanças quanto ao ouro olímpico. Em 2004, por exemplo, nem colocou os pés em Atenas.
Mas aí vem nosso "tecniquinho", o Dunga, que imaginávamos talvez nem uma classificação à próxima fase (pois estamos fora até quase da copa do mundo da África), e faz uma fase de grupos brilhante. 1x0 na Bélgica, 5x0 na Nova Zelândia e 3x0 na China. Tá bom! O grupo era ridículo. Mas convencemos, ou melhor, Dunga convenceu.
Nas quartas-de-final, encontramos nossos últimos algozes (nos eliminaram com dois a menos), Camarões, e... vitória, suada, mas também convincente, apesar de ser na prorrogação. 2x0.
Chegamos às semi-finais sem um único gol tomado. Melhor defesa da competição. Muito embora a campanha de nossos adversários ter se assemelhado à nossa. Embora com jogos mais difíceis, e alguns gols levados.
Dunga conseguiu animar a torcida brasileira e dar a eles a esperança perdida, de que, desta vez, VAI!!!
Mas... infelizmente, não foi. 3x0 de nossos rivais, com direito a dois gols do genro de Maradona, um de Riquelme, isso sem contar o baile.
Mas, nosso técnico pensou que estava dirigindo a seleção da Mongólia contra a Argentina. Afinal de contas, a postura que ele adotou não é postura de Brasil. Quatro zagueiros, três volantes e um atacante só, um só, Dunga!?
O Brasil jogou igual time pequeno. Ou, NÃO jogou igual time pequeno, melhor dizendo.
Isso não era postura nem de Brasil nem de Argentina. Nossos "hermanos" entraram com a postura de quem realmente queria vencer a partida, foram pra cima.
Chegou ao extremo de Arnaldo César Coelho dizer que deveria ter alguma coisa dentro da área argentina, pois o Ronaldinho (aquele, o gaúcho, que não sabe o que é jogar futebol a um bom tempo, acima do peso uns quilinhos, e que o milan só liberou pras olimpiadas pra adquirir ritmo de jogo) não entrava dentro dela. Ficava só cercando.
A argentina sentiu o medo dos brasileiros. E se aproveitaram dele. Dunga queria o quê jogando na retranca? Fazer um gol meio ali que de sorte, na cagada, num contra-ataque (que os argentinos por sinal já sabiam dessa tática, pois disseram que foi a mesma usada na copa américa, e por isso não iriam sair tanto ao jogo quanto lá, para não viabilizar os contra-ataques brasileiros), mas não adiantou. Por esse motivo, Arnaldo César Coelho disse que o jogo seria decidido nos penâltis. Talvez não nos penâltis, mas no penâlti de Riquelme que aniquilou o restinho de esperança do Brasil.
Não adianta dizer que o Pato teve culpa, pois nem jogar ele jogou. Contra Camarões, ficou sentadinho no banco, o jogo inteiro. Colocar o cara aos 20 minutos do segundo tempo, contra a Argentina, perdendo de 2x0, e transferindo toda a pressão pra cima dele não vai fazer o cara mostrar nem um terço de seu melhor futebol.
Dunga, sua única alternativa é, aproveitando o dito popular, pedir pra cagar e sair.
Esquece a seleção, esses anos que você está aí, foi legal, foi bom, mas... você não é técnico. Na verdade, nem cara de técnico você tem.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Algo está mudando

Roberto Dinamite finalmente conseguiu vencer as eleições para presidente do Vasco.
A era Eurico acaba de chegar ao seu fim, de um forma melancólica. Eurico praticamente foi escurraçado do Vasco da Gama. Ultimamente Eurico tinha sido pior que melhor para o Vasco, estava atrapalhando em muito.
O melhor foi no site, dizendo que Roberto havia vencido uma eleição cheia de irregularidades, como se as eleições do Eurico nunca tivessem sido.
Creio que se Eurico tentar alguma coisa, para tirar Roberto e voltar à presidência, os problemas internos vão atrapalhar em muito a frágil equipe vascaína, que com certeza é um dos candidatos às quatro vagas na segunda divisão, e dessa forma pode ser rebaixada até muito antecipadamente.
Mas se tudo correr normal, com Roberto as coisas podem melhorar, inclusive na relação de treinadores e jogadores com o Vasco. Leão já admite ir para o Vasco com Roberto, por exemplo.
Eurico Miranda sem sombra de dúvidas foi um grande dirigente, e deu ao Vasco três brasileiros, uma libertadores e uma mercosul, que é Algo que não dá para tirar seu mérito.
O problema é que ultimamente ele tem sido mais polêmico que dirigente, atrapalhou mais que ajudou, sua época já passou, Eurico deve contentar-se apenas com o passado e deixar o futuro por conta de outras pessoas.
Eurico Miranda em seus últimos anos de Vasco estava se contradizendo muito entre seus discursos e atitudes, já não tinha a mesma vitalidade para o futebol, recomendaria para ele agora que vá dirigir algum time de handebol, ou softbol, respirar ares mais puros, ficar um pouco mais light.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Itumbiara campeão - Algo novo

Quarta-feira, dez e meia da noite, acho que agora me sinto um pouco seguro para apresentar meus cumprimentos ao mais novo campeão goiano, o Itumbiara. O Goiás, logo após o primeiro jogo, em que perdeu de 1x0, registrou uma reclamação contra o Itumbiara, alegando que estavam com dois jogadores irregulares. Um deles no banco, e o outro, que aos 7 min de jogo, saiu machucado. O preseidente da federação goiana descartou a reclamação e o Goiás recorreu ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), após, vergonhosamente, perderem de 3x0 em pleno Serra Dourada. Eu sinceramente não sei o que é pior, perder em casa de 3x0 numa final de campeonato, ou após um resultado desses, ainda querer levar o título no tapetão.
Quieta né Goiás, tá na hora da gente crescer. Do interior despontar no futebol goiano e crescer não só os times, mas o próprio futebol goiano. Se só vocês forem campeões, não precisa ter campeonato, é melhor acabar com essa farsa de campeonato goiano e deixarem vocês viverem em paz.
O melhor talvez não seja nem a reclamação contra o Itumbiara, o melhor acho que foi eles reclamando após o primeiro jogo que houve roubo contra o Goiás. Já cansei de assisistir minha Rubrinha sendo roubada pelo Goiás, e os comentaristas esportivos da capital dizer que o juiz foi muito bem, foi muito bom. Vivi meu momento de glória no dia em que vi nosso presidente dar uns tapas no tal do Rassi, ô coisa boa! (Depois dele ter metido a mão em pleno Jonas Duarte, claro. Afinal, nada sai de graça!)
Acho que o time que tem jogador irregular deve ser punido sim, mas de uma forma diferente, acho que deve ser levado em conta um critério subjetivo para a punição, não esse critério objetivo adotado. Penso que deve-se analisar a influência que o jogador exerceu no resultado final da partida. Caso ele tenha influenciado direta ou indiretamente na vitória de seu time, o mesmo deve ser apenado com a perda dos pontos. Caso não tenha influenciado em nada o resultado (Como o caso dos dois jogadores do Itumbiara, pois um estava no banco, e o segundo, Fábio Oliveira, na partida em comento na realidade prejudicou o Itumbiara, pois saiu machucado aos 7 min do primeiro tempo, e o Itumbiara queimou uma substituição tão logo iniciou a partida) o que deveria ser aplicado era uma multa, pesada, ao time que desrespeitou o regulamento.
O Goiás sempre tenta dar um jeito de conseguir seu título, e talvez por isso não tenha nenhum de expressão nacional, posto que não é acostumado a conseguir por seus próprios méritos. O que estão tentando fazer agora é uma reprodução do que fizeram com a Toda Poderosa Anapolina em seus tempos áureos, quando eu ainda nem era nascido, e que ao invés de 5 títulos, o interior talvez tivesse hoje 6.
O Itumbiara com todos os méritos mereceu vencer esse campeonato, na fase final não perdeu uma partida sequer, nem empatou, ganhou as quatro partidas, e sempre contra a capital. Mostrou que tem uma equipe forte, coesa, bem montada e dirigida, com jogadores sérios e experientes. Basílio se mostrou uma peça chave na fase final do campeonato, e "decididor", se assim me permitem utilizar a palavra. É um time, que infelizmente, está se desmanchando (Já tem um jogador negociado com o Corinthians, e um em negociação com o Vasco), mas que, se manter a base do elenco, e trouxer alguns reforços, seguramente assegura uma vaga na segunda divisão do campeonato brasileiro do ano que vem, e entra ainda de forma competitiva e de modo a preocupar os adversários. É um time que tem, com certeza, cabeça para se manter erguido e disputar uma Copa do Brasil de modo brilhante, uma campanha talvez como a do Atlético este ano, ou até melhor.
Analisando os cinco últimos campeões goianos, notamos que não se repetiram (Goiás, Vila Nova, Atlético, Crac e Itumbiara), e ainda tivemos dois do interior, falem o que quiserem do campeonato paulista, mas no mesmo período, tivemos apenas São Caetano que não é um time considerado grande, campeão. No campeonato carioca, um time pequeno nunca venceu, e nos últimos cinco anos, e é com pesar que falo isso, o Flamengo foi três vezes campeão. No campeonato gaúcho vemos apenas Inter e Grêmio como campeões no mesmo período. E por aí vai. Vemos sempre, nos campeonatos estaduais, ocorrer como ocorre no futebol europeu com relação aos campeonatos nacionais, sempre o mesmo, ou mesmos (quando muito, dois times diferentes) campeões, e nosso campeonato vimos, nos últimos cinco anos, a taça andar em cinco mãos diferentes, inclusive dar uma passeado fora da capital.
Não arrisco dizer que estamos caminhando para fortalercermos dentro do cenário nacional, mas que nosso campeonato vem se tornando mais competitivo isso vem. E isso atrai os olhos dos demais. O campeonato paulista é chamado de o melhor estadual do país dada sua competitividade. De 20 times, tranquilamente uns 10 ou 12 brigam para estarem ao menos nas semi-finais. Desse modo, fazemos os pequenos crescerem, e por consequência o futebol. E com o aumento do futebol, aumentamos os investidores, e com aumento de investidores, fazemos mais dinheiro. É pura ilusão dizer que futebol hoje em dia é apenas diversão. Futebol é dinheiro. E muito dinheiro.
Um bom campeonato começa com um bom público. Um bom público gera uma boa renda. Um bom público atrai o olhar dos investidores, pois é bastante gente olhando seus produtos. Um campeonato competitivo atrai os olhares da televisão, pois se um bom público comparece aos estádios, porque não terão um bom público na televisão. Os times na Série A, quando ganham pouco com direitos televisos, gira em torno de R$ 5 milhões de reais. E um campeonato competitivo e com bom público atrai gente de fora. O campeonato gaúcho, após o Inter ser campeão mundial contra o Barcelona foi vendido para ser transmitido nos EUA.
O Goiás talvez ainda não se deu conta de que passando a taça a outras mãos traria a ele mais do que apenas desgosto.
Parabéns Itumbiara, pela brilhante campanha. Pelo futebol bonito apresentado durante todo o campeonato. Pelos belíssimos gols. Pela ousadia frente ao Goiás. Pela coerência dentro de campo. Pela integridade. E principalmente, pelo título. Título este que minha Xata nunca conseguiu, mas um dia há de conseguir.
E caso o Goiás tome o título, quer saber, foi o Itumbiara quem deu a volta olímpica, festejou, comemorou, gritou, almoçou com o governador, foi aplaudido, levantou a taça na TV, recebeu as medalhas, e ganhou pôster no "O Popular" mesmo.
Só pra constar, o Goiás registrou mais uma reclamação contra o Itumbiara. Dessa vez contra o Wellington Saci. Ele jogou com as duas pernas.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Vai começar a faltar Algo na mesa do povo

Arroz, feijão, óleo e carne. Acredito que seja o básico que toda casa possua. Tanto a casa do rico quanto do pobre, todos se alimentam basicamente disto.
Porque então, em meio a uma crise dos alimentos, já consagrada, de efeitos globais, o governo compra sacos de arroz para revender depois? Para fazer mais dinheiro, pois o arroz é algo que não deixará de ser comprado, e quando estiverem atrás desse arroz o governo venderá a preço mais alto do que comprou. Isso tudo gera um ciclo. O governo compra o arroz por um preço X, vende ele depois por um preço X + 1, quem o comprou o irá levar então ao consumidor com o preço X + 2, isso sem contar o imposto já incidido e acumulado em todas as etapas, mesmo o governo já tendo ganhado dinheiro em cima desse alimento.
O preço do arroz já ultrapassa a marca de R$10,00 (dez reais). E o governo ainda pretende ganhar dinheiro em cima, duas vezes, comprando e revendendo e gerando tributos.
Quem paga o pato não somos nós, que temos condições de ter um computador para estarmos lendo esta matéria, mas sim o brasileiro pobre que vive, a maioria, com um salário mínimo no bolso o mês todo, às vezes um pouco a mais, mas que de toda forma é difícil manter uma casa com tais valores. Ainda por cima com um preço tão absurdo de um alimento essencial a todos. Segundo dados do Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB na sigla em inglês), os habitantes dos países pobres gastam 60% de sua renda em comida, o Brasil embora não seja um país pobre, conta com um número alto de pobreza, e creio que os gastos de nossos pobres se não são superiores, pelo menos quase igualam a isso, com relação a alimentação. Até por causa da alta carga tributária que somos obrigados a pagar, direta ou indiretamente.
O problema é que o consumo de arroz não irá diminuir devido a alta, pois trata-se de alimento essencial na mesa de praticamente todo brasileiro. Mas o pobre passará a ter mais dificuldade para comprá-lo, e para aqueles da classe média, que sempre fizeram gentilezas algumas vezes por ano distribuindo cestas básicas, passa a ficar cada vez mais difícil adquiri-las e distribuí-las, pois o preço das mesmas também encontra-se absurdo.
Da forma como as coisas vão sendo conduzidas, daqui alguns anos veremos gente morrer de fome no Brasil, pois passará a ficar inviável a compra de alimentos, tanto para o consumo, quanto para doação, pois de ambos os lados começará a ferir cruelmente os bolsos dos brasileiros. O pobre como não terá dinheiro para comer, irá passar fome, passando fome, não irá trabalhar, pois ficaria humanamente impossível realizar algum esforço, pois sabemos que o trabalho pesado são eles que fazem, sem trabalho logo morrerá de fome não só ele, mas toda a família, e sem eles não haverá produção de nada, pois serão substituídos por quem, por mais mortos de fome?
Acredito que tais alimentos, o arroz, o feijão, o óleo e a carne são itens imprescindíveis para a manutenção da vida, e que são itens que não deveria ser cobrado tributos, mas que se forem cobrados, que seja algum valor irrisório, mínimo, assim como de medicamentos.
O país, recentemente, gastou mais R$500.000,00 (quinhentos mil reais) na busca pelo padre voador desaparecido, que não resultou em nada, e o pobre, que trabalha e mantêm o país erguido, tem que pagar tais preços em alimentos que são itens de sua própria subsistência, necessários para que continuem a viver, sem poderem gastar um pouco de seu suado dinheiro com algum luxo que desejem manter, ou então, não podem receber ajuda do governo para custear suas despesas com tratamentos médicos e farmacêuticos que vão muito além do que poderão ganhar talvez em toda uma vida de trabalho.
Daqui alguns dias nem ao estádio assistir seu time do coração o pobre vai ter chance de ir. Gradativamente vemos os preços dos ingressos aumentarem, em se tratando de libertadores mesmo, são preços absurdos, me lembro que quando o Goiás a disputou, salvo engano, o preço era de R$40,00 (quarenta reais) a arquibancada. A geral já foi abolida, para começo de conversa, em libertadores, o preço é esse, em final de campeonato, aproveitam para aumentar os ingressos, do jeito que as coisas vão indo, o pobre não terá mais nem pão nem circo, no máximo umas migalhas seguido de fantástico.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Tem Algo a mais por aqui

Ronaldo, o fenômeno, entendiado pois não pode, ao menos por enquanto, jogar futebol, resolveu bater uma peladinha após o primeiro jogo da final do carioca. E que pelada, hein!

Não satisfeito por já ter pego Daniela Cicarelli, Milene Domingues, Raica Oliveira, e tantas outras modelos por aí, resolveu experimentar algo novo (ou talvez não seja tão novo assim!).

Saiu do jogo, de cara limpa, não estava embriagado ou drogado, e foi passear pelo Rio de Janeiro e escolher alguma coisinha pra comer na rua.

Como não achou nada interessante resolveu inovar. Como é cediço, em ponto de p*** não fica travesti, e em ponto de travesti não fica p***! Assim ninguém tira o lugar de ninguém e ninguém engana ninguém. Passou na rua e achou interessante. Resolveu experimentar (ou relembrar, sei lá né!).

Ronaldo pode alegar o que quiser, que estava escuro, que parecia realmente mulher, que tinha peito, bunda, etc... Mas, será que ele não conversou com ele(ela), ao menos para combinar o programa? A voz denunciaria tudo o que o resto escondeu. Então não conversou. Foi calado até o motel. Mas peraí, como ele(ela), avisou os(as) amigos(as). Acredito que em algum momento ele escutou a voz característica. Talvez tivesse uma vozinha aguda então. Mas nem o teste da alavanca ele fez?

Essa história anda muito mal contada, principalmente a parte da extorsão. Será que ninguém achou estranho que eles(elas) tentavam extorquir o Ronaldo após terem passeado no carro dele, e ele mesmo os terem levado ao Motel? Ele não precisava ir até lá, e para alguém ser extorquido, alguma coisa tem que ter feito, ele poderia pura e simplesmente parar o carro no meio da rua e botar os travecos pra fora, ou largá-los no motel e ir embora, mas por lá ficou e de lá não saiu, ainda pelo que me consta, por lá permaneceu das 4 e meia às 9 horas da manhã.

Acho que o agravante é o fato dele ter levado ainda por cima três. Se fosse só uma ainda poderia dizer que só ele tava marcando gol, mas com três, acho que tava todo mundo brincando de ser artilheiro.

Com tal atitude o fenômeno decepcionou muita gente, não só seus familiares e amigos próximos, mas do mundo inteiro, principalmente crianças para quem ele é um exemplo e um ídolo

terça-feira, 22 de abril de 2008

Tem Algo errado

Uma pequena cidade da Áustria ficou chocada ao descobrir que um senhor de 72 anos de idade manteve presa no porão de sua casa, durante 24 anos sua filha, e abusando sexualmente dela durante todo esse tempo, onde da relação nasceram sete filhos. Um morreu logo após o nascimento, três ele colocou na porta de casa, com um bilhete escrito pela filha, como se ela estivesse deixando-os aos cuidados do pai e da mãe, e outros três continuaram presos juntos com a mãe.
Os habitantes da pequena Amstteten se disseram chocados com o acontecimento, e revoltados pelo fato de nunca terem descoberto isso antes, de não terem notado, de não terem feito nada.
Reação semelhante foram as dos moradores do prédio onde Sílvia Calabresi prendia e torturava a menina L., de 12 anos de idade.
Essas pessoas talvez não tenham em mente pensamentos tão altruístas como imaginamos que tenham, ao fazerem tais relatos. Ora, em um prédio já seria difícil descobrir o que se passa dentro de uma casa, já que, a menos que você seja um vizinho curiosíssimo e intrometido, pode nunca passar da sala de visitas de seu vizinho. Sílvia tapava a boca da garota para que não gritasse, e a escondia dentro de sua casa, agia normalmente, uma pessoa longe de qualquer suspeita. Imaginem então numa cidade, não importa o tamanho, a menos que seja um povoado, um vilarejo, não há como descobrir o que acontece em todos os pontos.
Por qual motivo então os vizinhos e moradores se dizem tão indignado com o acontecimento, se dizem revoltados consigo mesmos pelo fato de não estarem atentos para esses acontecimentos? De não terem descoberto tais atos vis antes?
O verdadeiro motivo é que querem mostrar à sociedade que apesar de conviverem com aqueles monstros, de terem sido amigos, de terem conversado, e de terem até os admirado, não os fazem ser iguais, ter os mesmos pensamentos, querem afastar a probabilidade de outra pessoa olhar e pensar que ele faz igual. Esse é o verdadeiro motivo de dizerem “Como não percebi isso antes?”, ou “Estava tudo debaixo do meu nariz, talvez se eu tivesse sido mais atento!”.
Todos nós, humanos que somos temos pensamentos negros às vezes, que não compartilhamos talvez nem com a pessoa mais próxima a nós, e daí podemos praticar o ato imoral, ou afasta-lo de nossos pensamentos. Muitas vezes castigamos as crianças, pois merecem elas algumas lições para que se sintam coagidas a não praticar os atos que queremos corrigir. Algumas vezes passamos dos limites, mas por qualquer motivo que seja, não acontece nada, ou não nenhuma conseqüência mais grave, ou há conseqüências graves, como o exemplar caso da menina Isabella, que, segundo dizem os laudos periciais, morreu nas mãos da madrasta e do pai, pois desejam aplicar-lhe um castigo, uma pena, uma sanção.
Ao acontecer crimes como este, as pessoas passam a pensar naquela atitude que tiveram ontem, que talvez não tenha sido grande coisa, mas pode-se tornar grande coisa. E querem afastar isso deles, se auto-afirmando criticando tão duramente, não os autores dos crimes, pois em momento nenhum li os moradores do prédio de Sílvia criticá-la, mas se criticando. Diziam que ela era uma boa pessoa, uma pessoa normal, que nunca acreditavam que ela poderia ter aquele tipo de atitude, e que muito fica chocado, pois nunca percebeu nada antes.
Todos gritamos, discutimos, temos reações as mais diversas, que às vezes passam do limite, e às vezes não, e casos como esses que acontecem nos põem a pensar como seria se tivesse passado dos limites. Queremos então afastar os olhares de nós e de nossas casas, com afirmações como essas, para se libertar, para tentar provar para os outros que isso não acontecerá conosco.
Tentar descobrir essas coisas é algo fora do nosso alcance, do nosso poder, do nosso domínio. Nunca saberemos as coisas que acontecem após fecharem-se as portas. Casos como esse nada mais são que o corriqueiro caso do marido perfeito que todo dia bate na mulher, e quando descobrimos é tarde demais, só que com proporções acima, ou não, pois no caso de Maria da Penha, tornou-se ela aleijada, e todos dizem a mesma coisa, “Como isso passou despercebido? Sempre ia à casa deles. Sempre via ela machucada, e ela desconversava. Eu devia ter percebido isso antes e dito à polícia”.
Nós humanos temos esse sentimento auto-protetor, buscamos resguardar nosso honra e nossa moral criticando tão duramente nossos atos “omissos” quando descobrimos coisas que os outros fizerem ao nosso lado e que muitas vezes imaginamos fazer também, mas soubemos fazer a escolha certa, e nosso vizinho não soube.
De longe todos dizem, ajudam, encorajam, tudo para se auto-afirmarem.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Parabéns Galo (embaralhando as letras vira Algo)

Parabéns Galo!
Não é o fato de eu ser torcedor fanático da Rubra que deixarei de postar aqui meus cumprimentos ao Galo.
Recém saído da divisão de acesso. Outro dia escutei o Miguel Squeff defendendo-o, que após sua subida para a série A do goianão, nós torcedores da Rubra fazíamos pilhérias dizendo que tínhamos seis pontos garantidos, que eram duas vitórias fáceis, e todas aquelas coisas que rivais dizem a rivais quando se encontram em situação melhor, principalmente em situação melhor durante tantos anos.
Há coisa de 3 anos atrás tínhamos um calendário da série B do campeonato brasileiro para disputar, que agora entra em um sistema de pontos corridos de ida e volta, o que representa que todo time grande que fosse relegado à série B obrigatoriamente viria à nossa cidade, um modo de fazer renda e trazer um pouco de diversão, e sem contar que era mais fácil arrumar algum patrocínio. O Galo, em contrapartida, se encontrava em situação degradante, humilhante, levou dois anos para voltar à série A do goianão, antes da copa do mundo da Alemanha, de 2006, dizíamos em tom provocativo que o Anápolis só voltaria a jogar depois da copa, pelo fato de rebaixar e a divisão de acesso ser disputada apenas depois do meio do ano.
O campeonato começou bem para ambos os times, nas duas primeiras partidas os dois figuravam nas cabeças, e então veio o clássico. Me lembro que enquanto estava 0x0 ou 1x1 não sei, ouvi o Dr. Hélio Lopes comentar que com esse resultado (o empate) o campeonato entrava na normalidade, com os dois times indo para posições medianas da tabela. No finalzinho da partida o Galo faz o gol da virada.
Daí pra frente o Anápolis sempre ganhando e a Anapolina sempre perdendo. Levamos três goleadas no campeonato vergonhosas. Túlio "Bundavilha" marcou "só" oito gols em cima da Xatinha.
Pensamos até em abandonar o campeonato. A partir de um determinado momento, houve um esboço de reação por parte da Rubra, mas já era tarde, ganhamos três seguidas, e até empatamos com o Itumbiara lá. Pelo menos terminamos o campeonato de forma digna. Claro que não tão digna quanto o Galo. Mas terminamos.
Ontem era o jogo que decidiria a última vaga na semi-final do Goianão. AnápolisxVila Nova. 2x1. Ontem então o Anápolis confirmou seu favoritismo no campeonato, assegurou uma vaga na semi-final, e de quebra, pode conseguir passagem para disputa da série C do campeonato brasileiro e ainda disputa na Copa do Brasil, dependendo de seu rendimento.
Domingo disputa a primeira colocação com o Atlético, o jogo, em Goiânia, com certeza será uma partidaça. Caso fique em segundo lugar, jogará com o Goiás nas semis. Vale lembrar que o Periquito sofreu apenas duas derrotas, uma delas foi para o Galo, e em dois jogos, foram uma derrota e um empate, claro que em se tratando de futebol a lógica nunca funciona, mas, quem sabe, não é mesmo?
De toda forma, parabéns Galo, por conseguir essa classificação, e ainda dentro das adversidades que os times do interior goiano enfrentam para que consigam alguma projeção em nosso futebol, pois tomou a "vaga cativa" do Vila Nova na semi-final. É um começo, quem sabe ano que vem alguém não consiga tomar a vaga do Goiás?
Há até a probabilidade de uma final interiorana. Quem sabe não assistimos a AnápolisxItumbiara? Mas sou forçado a confessar que nesse caso torceria pelo Itumbiara. Nada contra, mas depois pega mal.
Mais uma vez, parabéns Galo. Gostei.
P.S.: Só para constar, ao início da rodada deste domingo, A Anapolina ainda contava com chances de classificação. A diferença para o Itumbiara era de seis pontos, e ainda restavam dois jogos, portanto, para conseguir a vaga a Xata precisava apenas ganhar os dois jogos, o Itumbiara perder, e tirar um saldo de 22 gols, nada muito difícil.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Algo mal resolvido

O advogado e seu cliente trata-se de uma relação comercial abarcada pelo C.D.C. ou de trabalho? No meu entendimento, nenhuma das duas, penso eu ser uma relação puramente civil.
Para definição de empregado, existem cinco elementos essenciais que devem ser observados:

  • Pessoa física, o empregado deve apresentar-se ao patrão, e deve ser pessoa física, nunca jurídica;
  • Não-eventualidade, ou seja, é obrigatório o comparecimento do empregado nos dias e horários certos e determinados, não podendo escolher seu horário;
  • Subordinação, o empregado deve ser subordinado, ou seja, hierarquicamente inferior a seu patrão, devendo a ele obediência;
  • Salário, o empregado tem direito a uma remuneração;
  • Pessoalidade, o empregado não pode se fazer substituir por outra pessoa.


Percebemos que o advogado, portanto, deve necessariamente ser uma pessoa física, já que uma empresa não tem como advogar, mas o cliente pode contratar uma sociedade de advogados, embora nelas não haja personalidade jurídica.
O serviço advocatício tem um caráter de total eventualidade, haja vista que o advogado cria seu horário, vai a seu escritório a hora que melhor se adequar a ele, e pode atender seus clientes com hora marcada.
É totalmente incoerente falar-se em subordinação, já que, trocando em miúdos, o cliente “não mete o bedelho” no serviço de seu advogado, quando muito se limita a dar uma lida na peça e levá-la ao protocolo do fórum.
A remuneração é indispensável, haja vista tratar-se de um serviço prestado, e na sociedade capitalista em que vivemos, é um requisito imprescindível de qualquer relação que seja, comercial, trabalhista, ou qualquer outra coisa.
E a pessoalidade é totalmente dispensável, já que o cliente não estará fiscalizando o serviço de seu advogado durante todo o tempo de seu expediente, podendo ele repassar o serviço a outras pessoas e limitar-se apenas a conferir e assinar e assumir algum risco que venha a gerar.
Doutrinariamente, tenta-se explicar o motivo da subordinação do empregado ao empregador por quatro motivos distintos, mas que inexistindo um, não há que se falar em subordinação, que é uma questão de dependência econômica, técnica, hierárquica e jurídica.
Há a dependência econômica, pois resulta do fato de o empregado necessitar para sua subsistência, da remuneração oferecida pelo patrão, onde numa relação advocatícia algumas vezes a remuneração de algum cliente talvez nem faria diferença no bolso do advogado caso faltasse.
Por dependência técnica, entende-se que o empregado necessita dos conhecimentos do patrão para a boa execução de seu serviço, o que no caso do advogado afastasse totalmente essa idéia, assim como da independência hierárquica, onde ninguém está vinculado a ninguém, e também a dependência jurídica, onde, por força de um contrato não há obrigação de comando por parte do cliente.
Podemos considerá-lo como um trabalhador autônomo? Talvez, mas o autônomo assume os riscos de sua atividade, embora o advogado assuma os riscos, não o assume sozinho, seu cliente assume os riscos em conjunto com ele, e além do mais, a CLT não se aplica a eles.
Na discussão sobre a natureza da relação entre advogado e seu cliente, há a corrente que encontre amparo no C.D.C., onde no art. 3° explica que o fornecedor pode ser pessoa física, que desenvolve atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços e serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo. Na esfera contrária, o consumidor é pessoa, seja física ou jurídica, que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
No caso, um advogado que compra um aparelho de telefone, um computador, ou qualquer outra coisa que seja destinada a seu escritório, para que use em relação com seu cliente estaria fora da esfera de proteção do C.D.C., pois não seria o destinatário final.
Embora não seja esse o caso em comento, mas, de acordo com o código de ética e disciplina da OAB, é proibido ao advogado, ou à sociedade de advogados veicular propaganda e comerciais, situar “autidóres” (essa vai pro Rebelo), distribuir panfletos, em suma, nada. O advogado tem que ficar sentando em sua mesa esperando que o cliente chegue até ele, o máximo que pode fazer é situar-se em um local de bastante movimento, com uma placa em cima, e que não seja muito espalhafatosa.
Portanto, embora não seja determinado no código, nem mesmo em doutrina, creio eu, visto que nunca li a respeito disso em nenhum lugar, mas para se caracterizar como consumidor, a possibilidade de poder “propagandear”, vejam bem, eu disse a possibilidade, não a efetividade da propaganda, é que deveria caracterizar a pessoa como fornecedor.
A meu ver, a relação entre advogado e cliente é uma relação puramente civil, que deveria passar por todo um processo de conhecimento para discutir se a dívida em comento existe realmente ou não e depois partir para a execução de sentença, ou então, caso os advogados passarem a prevenir-se, firmarem com seus clientes contratos escritos determinando a porcentagem dos honorários e a forma a ser paga, e exigir sempre, tanto o cliente, como o advogado, recibos, para, em sendo o caso, ajuizar apenas ação de título executivo extrajudicial.
Acontece, que os advogados, conhecendo a justiça como conhecem, preferem ajuizar ação trabalhista, ao invés de ação dentro da justiça comum, pois sabem que o trâmite é mais veloz, portanto terão uma solução mais rápida do litígio em questão.


“O advogado aposentou-se e deixou seu escritório para seu filho tomar conta, pois queria apenas viajar e aproveitar a vida com sua esposa.
Um belo dia o rapaz vem ao encontro do pai e diz:
- Pai, sabe aquele processo grande, que já tem quase uns 40 anos, com uns 15 volumes?
- Sei sim, que tem ele meu filho?
- Acho que o senhor nunca deu uma olhada direito nele não, era só fazer um pedido ali pro juiz, pai, fiz isso semana passada, e agora resolvi o processo, acabei com ele já, está orgulhoso de mim?
- Não, meu filho.
- Porque pai?
- Com esse processo eu formei seus dois irmãos em medicina, comprei nossa fazenda, nossa casa, trocava de carro todo ano por causa dele, e pretendia manter minha viagem à Europa com ele.”

sexta-feira, 14 de março de 2008

Falta Algo a nossas cadeias

Pode o Juiz decidir pela absolvição do acusado na ação penal, tendo a acusação reunido todos os indícios necessários à sua condenação pelo simples fato de haver superlotação de cadeias e situações degradantes à vida dentro delas?
A nossa “colcha de retalhos” de 88 é conhecida como a Constituição cidadã, buscando a preservação acima de tudo da dignidade da pessoa humana. É até Algo buscado em todos os países que assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos após o término da 2° guerra mundial, melhorando em muito o direito de todas as pessoas que até então viviam em situações degradantes de trabalho e convívio social.
Em 1988, após a queda da ditadura militar e a consciência de que era necessário implantar uma nova Constituição para nosso país, nossos constituintes, especialmente eleitos para elaborarem a Constituição Federal brasileira optaram por elaborar uma Constituição de cunho social e protetor.
Bem, mas o que isso tem a ver com pergunta inicial? Tudo. Até porque praticamente tudo, sem exceção, dentro do universo jurídico tem a ver com a Constituição Federal.
Bem, a Lei de Execuções Penais, a LEP, como é conhecida, é anterior ao texto da Constituição e o próprio Direito Penal, todo ele em si, é anterior até mesmo que a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
E a Constituição Federal traz no seu art. 5° um rol de garantias a todos os cidadãos. Dentro dele há um monte de garantias aos presos e aos cidadãos livres, mas atendo-nos somente aos benefícios que os presos tem dentro do citado artigo, encontra-se a prerrogativa de ninguém ser submetido a tratamento desumano ou degradante1, e sabemos que o condenado será submetido justamente a esse tipo de tratamento dentro das prisões. Há a vedação de penas cruéis2, e condenados por crime de furto às vezes são colocados em celas com condenados por crime de homicídio, pessoas cruentas e sanguinolentas, sabemos que autores de crime de estupro, por exemplo, são colocados em celas com os mais inescrupulosos presos para que sintam na pele o que fizeram à vítima, e isso é uma pena cruel, até por demais, só por esse fato já poderia ser solto e ser dada por cumprida sua pena, mas ele fica lá dentro se submetendo a esse tipo de tratamento todos os dias. Tem também a garantia do cumprimento de pena em estabelecimentos distintos de acordo com a natureza do delito3, o que sabemos perfeitamente que não ocorre na realidade por total incapacidade da Administração pública em criar os diferentes tipos de estabelecimentos de reclusão, até mesmo para diminuir a superlotação na “morada carcerária” do nosso país. E é ainda assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral4, e não há nem que se discutir sobre a existência dessas garantias, visto como sabemos a condição de nossa população carcerária.
A LEP busca assegurar condições harmônicas para integração social do condenado, assitência aos presos, orientando-os no retorno à sociedade e prevenindo-os no retorno ao crime, é assegurada assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa, e dentre assistência material, o próprio texto considera como sendo fornecimento de vestuário e isntalações higiênicas, propões a probabilidade do condenado trabalhar e ter uma condição de dignidade humana, assegurando ainda o estabelecimento penal com lotação compatível com sua estrutura e finalidade, alojamento individual dos presos condenados à pena de reclusão e estabelecimentos adequados para cada tipo de preso5.
A realidade não confere aos presos os benefícios que a lei garante, e muito menos dá a ele uma condição humana digna, a qual, apensar de estar preso, ele tem direito, pois a única coisa a qual foi privado foi a liberdade, e nada mais, tendo ainda, dentro de um presídio que arcar com deveres, mas possuindo ainda direitos, e ainda mais que qualquer cidadão que não esteja em sua condição, um direito a uma vida digna.
Portanto, pode o juiz, perfeitamente inocentar o réu mesmo a acusação tendo reunido todos os indícios necessários para sua condenação, pelo menos em minha opinião. Até mesmo porque pelo princípio do livre arbítrio ou livre convencimento, pode o Juiz dar sua decisão sem se ater a nenhum fato que se encontre dentro do processo, desde que claramente fundamentada e expressada sua opinião dentro da sentença. E o texto constitucional é mais que suficiente para que o Juiz justifique sua fundamentação, pelo simples fato de nosso sistema penitenciário ser inconstitucional.
Caso houvesse uma revolução em massa dos Juízes no país inteiro optando por libertar os acusados pelos fatos expostos faria com certeza o pessoal que está no poder começar a pensar numa reforma rápida em nossos presídios, até porque geraria em consequência uma revolta da sociedade pelos criminosos estarem à solta nas ruas, e até mesmo porque dinheiro nosso país tem, o que não tem é pessoas com moral em todas as esferas do poder público.
Com certeza uma solução que deixaria até mesmo o mais garantista dos garantistas de cabelo em pé, e embora eu não seja nem um pouco a favor dessa história de garantismo, pois serve apenas para inocentar bandidos, sou totalmente a favor dessa solução que deveria ser tomada por parte de nossos julgadores, o caos sempre antecede as mudanças beneficiárias às sociedades.

1Art. 5°, III, CF
2Art. 5°, XLVII, e, CF
3Art. 5°, XLVIII, CF
4Art. 5°, XLIX, CF
5Arts. 1°, 10, 11, 12, 28, 85 e 88 da LEP

quinta-feira, 13 de março de 2008

O nosso ordenamento penal é Algo esquecido

O nosso Código de Processo Penal trata (tratava) de três estágios na capacidade do autor do fato delituoso. O absolutamente incapaz, o relativamente incapaz e o capaz. O absoluto é (era) o menor de dezoito anos, o relativamente o maior de dezoito anos e menor de vinte e um, e o capaz aquele maior de vinte e um anos.
Tal fato é (era) intimamente ligado ao antigo Código Civil, de 1916, onde cessava a incapacidade com vinte e um anos. No atual ordenamento civil a incapacidade é cessada aos dezoito anos.
O Código de Processo Penal em onze[1] dispositivos se refere a tal incapacidade relativa dentro do processo penal, e por força de incapacidade de elaboração de reforma conjunta nos Códigos Civil e de Processo Penal, o nosso ordenamento penal vai ficando cada vez mais defasado e sem eficácia (note-se que o Código Penal é de 1940, com reforma apenas na parte geral em 1984 e o Código de Processo Penal de 1941).
O Código Civil transformou aqueles maiores de dezesseis anos e menores de dezoito em relativamente incapazes, revogando tacitamente, pois, todos os dispositivos do Código de Processo Penal que tratavam da incapacidade relativa do autor do fato delituoso como sendo o maior de dezoito anos e menor de vinte e um anos.
Os menores de dezoito anos são considerados inimputáveis pelo fato de que não tem o necessário discernimento dos fatos que o levaram a cometer o delito. Mas um garoto com dezesseis anos pode casar-se, e passar a ser considerado como se maior fosse. Ele pode entrar em um litígio judicial cível apenas sendo assistido, tendo plena consciência de tudo que está acontecendo, mas caso venha a cometer um homicídio foi algo alheio ao seu entendimento. Mas antes, os menores de vinte e um não possuíam esse discernimento e ainda assim eram considerados imputáveis, mesmo que relativamente.
Os legisladores, sempre que quiserem promover uma reforma em nossas leis ordinárias devem se lembrar de que elas estão intimamente ligadas entre si, apesar de que, dentro do caso concreto nada tenham de relacionar-se umas com as outras. O que interfere uma no trabalho da outra são os elos abstratos.
Como não revogar o dispositivo penal que fala que ao indiciado menor lhe é nomeado curador se o conceito de menor explícito no diploma legal penal é aquele maior de dezoito e menor de vinte e um anos, mas se o diploma legal que vem regulamentar menoridade e maioridade promove uma reforma e transforma o maior de dezoito em plenamente capaz e habilitado para todos os atos da vida civil?
O ordenamento penal veio depois do cível, e em alguns aspectos ele deve se orientar pelo ordenamento civil, posto que o que os Códigos Penal e Processual Penal visam a regulamentar normas de conduta da sociedade, visando sempre a preservação da liberdade do indivíduo, e o próprio Código de Processo Penal admite “interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito” (art. 3°, C.P.P.).
Percebe-se que na falta de um dispositivo que ele próprio regule, irá buscá-los fora de seus limites, embasando tal decisão na falta de normativização desse diploma e da existência de outros diplomas legais que admitem sejam buscadas suas fontes, que é o caso da Constituição Federal, do Código Civil e do Código de Processo Civil.
Por total incompetência legislativa e inobservância das ações em conjunto das leis ordinárias, promoveu-se uma reforma no Código Civil onde, aparentemente nada teria a ver com o Código de Processo Penal defasando-o mais ainda do que já se encontrava.
[1] Arts. 14, 15, 34, 38, 50 parágrafo único, 52, 54, 194, 262, 449 e 564

quarta-feira, 12 de março de 2008

Sempre tem Algo gerando dano moral

Só o Bradesco anunciou um lucro de R$ 8 bilhões, os demais bancos não chegaram a essa margem, mas conseguiram, seguramente ficar na casa dos bilhões, acredito eu.
Em recurso interposto pela parte autora em ação de indenização por danos morais contra o banco, onde o Juiz negou a concessão do ressarcimento por danos morais entendendo devido o nome em cadastros de crédito, a Desembargadora do “Tribossal” de Justiça do Estado de Goiás reformou a sentença do Juiz, entendendo a parte ser ressarcida pelos danos morais causados pelo banco.
Assim então, ao final de sua decisão, disse a Douta Magistrada:
“Ressalte-se, também, que a importância a ser indenizada deve ser suficiente a mitigar a dor moral sofrida, buscando, com isso, impor uma penalidade ao ofensor e, igualmente, dissuadi-lo de semelhantes práticas.
De tal arte, verifico, que, observando os critérios inerentes à espécie, sopesando as circunstâncias do caso concreto, arbitro o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais), que entendo ser capaz de compensar o constrangimento suportado pelo autor/recorrente ao ter seu crédito abalado junto ao comércio local, além de impingir uma pena ao ofensor,desestimulando-o de repetir o ato irregular”.

Será que a desembargadora realmente crê que R$ 7.000,00 reais como indenização pecuniária devida pelo banco ressarciria a dor moral sofrida pelo requerente e ainda o faria pensar duas vezes antes de agir dessa forma, com total descaso com seus clientes e ainda por cima, com decisões judiciais, novamente? Eu penso que com R$ 7.000,00 o banco “limpa a bunda”.
É claro que o brasileiro anda fazendo carnaval com essa história de dano moral. Tudo hoje em dia é motivo para fundamentação do art. 186 do Código Civil para ganhar 40 salários mínimos nos juizados especiais cíveis. Estamos criando uma indústria do dano moral. Mas quais os motivos que levam a isso? Vários, tanto da parte hiperssuficiente dessas relações jurídicas quanto da parte hipossuficiente.
Segundo a “Lei de Gérson”, o brasileiro tem que levar vantagem em tudo. Por isso, quando um brasileiro age de forma sensata e correta, como o caso do senhor que achou a maleta com R$ 10.000,00 e o devolveu a seu legítimo dono sem esperar nada em troca, foi motivo de notícia nacional.
E pensando sempre em levar vantagem, hoje em dia qualquer coisinha, por minúscula que seja virou motivo pra recorrer a dano moral. “Fui ali, demoraram pra me atender e perdi meu futebol”, é dano moral, “Fui acolá e a atendente me tratou de forma grosseira”, é dano moral, “Ah! Quebrei a unha do pé porque fui em outro lugar e tinha um degrau e ninguém me avisou”, é dano moral, e dano moral, dano moral, dano moral e dano moral.O tal do dano moral aqui pra gente é igual água.
Principalmente para quem em um ano não consegue juntar 40 salários mínimos. Receber uma bolada dessa é sempre bem vinda. Hoje, com o aumento do salário mínimo para R$ 415,00 dá R$ 16.600,00 o teto máximo do juizado, e querendo ou não, é muito dinheiro, pois como diz o ditado, “em terra de pobre, quem tem um tostão furado é rei”. O dano moral virou um tubo de escape pro brasileiro, já que a turma recursal dos juizados anda tendo uma visão mais benéfica “pro consumidor”.
É totalmente ilógico o “Tribossal” de Justiça do Estado de Goiás agir dessa forma com o consumidor e ainda alegar que fez um bom uso do princípio da razoabilidade. Que razoabilidade usada foi essa?
Nos EUA, há cerca de uns 15 anos uma consumidora se queimou com o copo de café que colocou entre as pernas, lhe causando até danos estéticos, os valores da indenização giraram Algo em torno de Três milhões de dólares. O McDonald´s por lá nunca mais ofereceu copos que pudessem causar lesão ao consumidor devido a seu material.
Aqui no Brasil, por mais ações que existam, os fornecedores nunca saberão tratar os consumidores, enquanto não houver indenizações milionárias em desfavor deles. Ao entrar com ações de indenização por dano moral contra as empresas de telefonia, por exemplo, os advogados das próprias empresas são orientados a propor acordos na casa do R$ 4.000,00 e muita gente acaba aceitando, até porque sabe que realmente não houve aquele dano moral que é alegado nas peças vestibulares, e querem apenas ganhar um dinheirinho extra.
E é procurado sempre o juizado, pois não é que nos contentamos com R$ 16.600,00, mas é melhor do que ganhar R$ 7.000,00.
Os dois lados, portanto, auferem vantagem ilícita. Vantagem do lado hiperssuficiente que oferece um acordo baixíssimo e se livra de grande parte desses litígios desnecessários e vantagem do lado hipossuficiente que recebe uma pecúnia que praticamente “caiu do céu” para ele.
Aliás, os consumidores andam todos torcendo para que seus nomes seja incluídos em cadastros de proteção de crédito para poderem “sofrer” uma dor moral e ganhar aí os tão sonhados 40 salários mínimos.
Enquanto essas empresas bilionárias tiverem que pagar somente essas quantias irrisórias para eles, decididas em juizados, não irão aprender a tratar o consumidor com o devido respeito e lhes oferecer serviços que realmente prestem.
Quando se quer cancelar uma linha telefônica é necessário o próprio titular conversar, se identificar e eles conferirem se você é você mesmo, mas se deseja abrir basta apresentar uma cópia de seus documentos que é feito na hora. Vamos ao banco, vê-se filas quilométricas e 4 computadores no balcão, mas quando muito, 2 funcionários atendendo.
A tarefa de fazer essa mudança não é do povo, mas sim dos operadores do direito. E a mudança não tem que começar de cima pra baixo, com os julgadores mudando suas cabeças, mas sim de baixo pra cima.
Os advogados que devem passar a instruir seus clientes de que é necessário recorrer a justiça comum, apesar de se correr o risco de ganhar menos e levar mais tempo o processo, pois caso contrário, do juizado não passaremos nunca de 40 salários mínimos. E isso já está convencionado que as empresas pagam esses valores, se não derem mais dores de cabeça a elas. A batalha dos 40 salários mínimos já foi ganha. Antes de nos pagarem limpam a bunda com esse dinheiro e aí nos entregam.
Em outro processo, em sede de recurso, dessa vez da parte ré na relação processual, que era o município de Anápolis, onde lavrador que sofreu seqüelas devido a mal atendimento médico público no hospital municipal de Anápolis e foi ressarcido em R$ 60.000,00, a mesma Desembargadora, usando o mesmo princípio da razoabilidade acreditou que o valor que o pobre coitado deveria receber era R$ 15.000,00.
Os juizados foram criados com o escopo de desafogar a justiça comum, recebendo causas de menor complexidade, com um procedimento mais célere, inclusive sendo regido por princípios tais como oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e a celeridade, mas vem sendo ineficiente, devido a todas essas indenizações por danos morais por lá pleiteados. Os juizados teriam como data prevista para o término de um processo aproximadamente 60 dias, e nesse tempo, hoje, muitas vezes, nem a audiência de conciliação foi realizada.
Talvez pela criação dessa indústria de danos morais em nosso país, aqueles que necessitam realmente uma satisfação pela sua dor moral sofrida ficam prejudicados, já que o dano moral foi banalizado demais. Todos querem o dano moral sem realmente tê-lo sofrido, e as empresas necessitam de um pequeno lembrete para agirem de forma correta. Qual a solução? Paga R$ 15.000,00 e o problema é resolvido, pois os fornecedores continuarão agindo da forma que agem, e o consumidor fica sorrindo com esse dinheiro no bolso, ou seja, no final das contas, continuamos pagando o pato, e que pato!
Acontece que os seus R$ 15.000,00 acabam em nada menos de dois meses, e nesse tempo o fornecedor já gerou 3 vezes esse valor pago a você.
A solução é imprimir uma indenização milionária em torna de todas essas empresas, pois depois que o bolso é mexido de verdade, eles sentirão e passarão a tratar-nos com respeito. Em nosso país a única coisa que acontece é isso, os produtos sempre perdem a qualidade, e o preço sempre aumentando, e pode haver baixa nos preços da matéria-prima que o produto final continua com o mesmo preço, pois não sabemos nem reclamar, só ganhar 40 salários mínimos como dano moral fixado nos juizados especiais cíveis.
"Reza a lenda, que certa empresa, certa feita cansada dos tribunais superiores fixarem indenizações mais ou menos altas, chamou todos esses desembargadores e lhes pagou uma viagem de uma semana a Fernando de Noronha com tudo pago, para a família inteira, para lhes orientar a fixarem indenizações mais brandas. Lenda urbana? Quem vai saber, não é mesmo?"

quinta-feira, 6 de março de 2008

Pelo menos Algo o garoto sabe

Reza a lenda que, ao passar na porta de algumas faculdades e universidades particulares basta que deixe seu documento de identidade cair na porta que irão te ligar pedindo que efetue sua matrícula.
Bem, aconteceu algo mais ou menos igual a isso. Um menino de oito anos (veja o naipe na foto ao lado) conseguiu aprovação no vestibular de Direito da Universidade Paulista-UNIP.
Marcou o vestibular agendado, foi fazer a prova e passou.
Acontece que João Victor agendou seu vestibular. Como assim, agendou? Escolheu data e horário para fazer a prova. Chegou aos laboratórios de informativa da UNIP, mas se a prova é para Direito, porque ele foi ao laboratório de informática? É que o vestibular agendado é feito em computadores da Universidade. Às vezes sozinho, às vezes tem mais alguém fazendo a prova, mas nunca tem ninguém fiscalizando.
O menino tirou onda ainda, "A redação foi fácil. Quem não consegue escrever um texto com base numa matéria que saiu na imprensa?”. Sua redação sequer foi corrigida. Já estamos em Março, dia 6 para ser mais exato, as aulas com certeza já começaram, pois não é uma instituição pública para que as aulas comecem sempre atrasadas. Então, sobrando vagas, qual a solução adotada? Dar essas vagas a quem quer. Onde foi o caso do garoto de 8 anos de idade. A faculdade deveria ter um método mais criterioso de fiscalização, para evitar cometer essas gafes em público.
A mãe afirma que irá brigar na justiça para ver o “direito” de seu filho de freqüentar as aulas valer. E o menino afirmou que irá conciliar a faculdade com o colégio.
O que vem a ser discutido não é nem a capacidade do garoto em passar no vestibular, mas como esse garoto irá se portar caso consiga realmente na justiça o “ingresso” para que possa freqüentar normalmente as aulas. Como a mãe mesmo afirmou, o menino é criança normal, sem nenhuma superdotação, e a criança afirmou isso também. Acho que tudo tem seu tempo, e um garoto com essa idade não teria maturidade para enfrentar uma sala de aula de faculdade.
O que a mãe tem que observar não é o fato da criança ter conseguido passar, mas caso ele comece o curso, irá conciliar, segundo ele, o curso de manhã e a escola à tarde, e ao mesmo tempo em que ele estará com pessoas adultas, com uma cabeça totalmente voltada para coisas reais, estará no meio de crianças que querem brincar, correr, pular, e até chorar. O que aconteceria seria um pinel na cabeça dela. E no final das contas sairia da faculdade sem ter um pingo de noção, pois o que é estudado dentro de qualquer curso superior não é algo fácil de se aprender, não iria conseguir assimilar as coisas faladas dentro de sala de aula à sua realidade, ao seu mundo.
Não teria com quem discutir, pois em uma universidade, um menino de 8 seria tratado como um menino de 8 anos, e mesmo que formasse algum senso crítico, seus colegas de 5° ano iriam entrar em alguma acalorada discussão com ele?
E por final, não aproveitaria nem a infância, nem a faculdade. Ele não cursaria realmente uma faculdade.
Tudo tem seu tempo. A menos que essa criança seja superdotada, não é saudável a ela que consiga essa vaga, além do mais, nem aqueles que estão cursando o ensino médio conseguem na justiça adentrar na faculdade, alguém que sequer terminou o ensino fundamental é bastante inviável que consiga, mas ninguém sabe como Juiz pensa não é mesmo?
Mas o assunto a ser discutido realmente não é a capacidade ou não do garoto, mas a capacidade ou não dos processos seletivos das universidades e faculdades particulares.
Nas escolas e colégios particulares, e em cursinhos pré-vestibular, o que se houve dizer primordialmente é “você deve passar em uma faculdade pública, pois é vergonhoso estudar na particular”, “faculdade pública é tudo”, “estamos te preparando pra passar em uma faculdade pública, agora se você não quiser estudar vai prestar numa particular que você passa, aí pode ficar em casa à tôa”, basicamente, o que estão querendo dizer é, “se você não passar na faculdade pública não tem propaganda pra gente, sem propaganda a gente não ganha dinheiro, você faz, passa e a gente racha de ganhar dinheiro em cima do seu nome porque você passou na pública, aí se você não passar a gente te dá uma bolsa pra você fazer um cursinho com a gente e ir dando dinheiro pra gente até conseguir passar na pública, para aí sim a gente fazer propaganda com seu nome e ganhar mais dinheiro em cima de você, seu otário”.
Escolas e cursinho não estão nem aí com a qualidade de ensino que o aluno terá, querem eles em universidades públicas, pois é chamativo de mais alunos para eles. Colocam autidóres com letras garrafais indicando os aprovados preferencialmente em cursos de medicina e quando são os primeiros colocados, qualquer curso que seja, pois foi o primeiro e é propaganda para eles.
O que é questionado nas instituições de ensino particulares é o vestibular, que todo mundo alega ser fácil, e por conta disso o curso não presta.
O aluno muitas vezes tem condições de estudar em uma faculdade particular, mas por preconceito, acredita que estudar em instituições públicas é melhor.
Mas é como em todo lugar, tanto nas públicas, quanto nas particulares há as boas e as ruins, mas em geral, as instituições de ensino públicas não tem dinheiro para pagar professores, comprar materiais necessários e criar bibliotecas farturentas. Do lado das instituições particulares, há aquelas, como a Unievangélica, por exemplo, que visam o lucro acima de tudo, para os alunos é ligado o “foda-se”, se você está com um professor incompetente, como a grande maioria dentro da instituição, percebam que estou falando do caso concreto, e o caso concreto é a Unienvagélica, vai estudar em casa, porque a instituição diz “eu não posso fazer nada, o dinheiro que eu tenho não é pra gastar investindo no corpo de professores da instituição, mas para construir túneis superfaturados e gastar comigo, você aluno não representa nada pra mim além de uma fonte de lucro, vocês são minhas galinhas dos ovos de ouro, e eu não posso fazer nada por vocês”.
Mas de toda forma, o ensino superior “banalizado” como está hoje é bom para a sociedade. Bom para o próprio país. Pois aumenta a competitividade dentro do mercado, e traz mais qualidade dentro dos serviços oferecidos ao público.
O diferencial antigamente era apenas ter um curso superior, e nessa lógica prevalecia o fato de que eram pesadas as universidades onde os aspirantes ao emprego haviam se formado, se for pública já entrava ganhando de goleada, e com tudo mudando, ainda há mentes pequenas que pensam da mesma forma. O diferencial hoje não é apenas possuir um curso superior, pois quase todos possuem, o diferencial é possuir mais de um curso superior, ou uma pós-graduação, mestrado, doutorado. E até especializações hoje estão fáceis de conseguir cursar.
A faculdade particular tem um diferencial da faculdade pública. A faculdade particular “permite” a entrada de qualquer um, haja vista que em instituições públicas quem não estiver com a cabeça fervilhando de matérias lançadas no ensino médio, familiarizado com aquilo, como se fosse algo que irá fazer parte de toda a sua vida, não consegue uma vaga lá dentro, ao contrário das instituições particulares, que por quererem vender o produto, querem quem quer que seja lá dentro.
A heterogeneidade é muito grande, e, por conseguinte, ganha-se mais experiência em uma faculdade particular. Há alunos da faixa etária de 17 até 60 anos, pelo menos o máximo que já vi, mas com certeza existem pessoas mais velhas.
Há aqueles que dizem que querem apenas ter o diploma, pois trata-se de um sonho antigo e agora há como realizá-lo, pois está com a vida estabilizada, os filhos formados, e podem investir neles mesmos. Há aqueles que almejam apenas saber um pouquinho mais, ou ganhar um pouquinho mais, pois o diploma de curso superior lhe traria um pequeno incremento ao salário no final do mês. Há aqueles que sonham longe, geralmente os mais jovens, sonham alto, querem um futuro brilhante. Há aqueles que não querem nada com nada, gostam mesmo é da festa, da farra, da curtição que é a faculdade. Há aqueles que caíram de pára-quedas por lá. Há de tudo.
Já estudei com prefeito, com médico, com veterinário, com policial militar, com muçulmano, com maconheiro, com quase freira, com homossexual, com quem viajou toda Europa, com oficial de justiça, com aposentado por invalidez, enfim, com todo tipo de gente.
Ledo engano daquele que acha que irá ser escolhido apenas por ter cursado uma faculdade pública, pois no final das contas e faculdade não será nem analisada, pois o que conta é o depois, a faculdade, seja ela pública ou particular, serve só para te alavancar para opções melhores.
Ademais, no caso de um curso de Direito, o leque de opções que é aberto por meio de concursos, o caso da faculdade cursada não causa interferência alguma, pois você precisa saber, e não cursar uma faculdade diferenciada.
E como não poderia deixar de ser, lá vem a OAB, que ultimamente anda com muito medo dos advogados novos tomarem os postos daqueles que lá estão, e onde vê uma brechinha vai lá chorar.
Querem mais fiscalização nos cursos de Direito, para que qualquer um não entre. Advogado é uma raça tão infeliz, que se acha o melhor do mundo, e com certeza imaginam que todos que cursam direito querem ser advogados, o próprio garoto de 8 anos já afirmou que sonha em ser Juiz Federal.
Toda essa ânsia dos estudantes de Direito em tirar a “carteirinha” de advogado, é devido à emenda constitucional n° 45 de 2005, que obrigou, a qualquer um que queira prestar um concurso para Juiz ou Promotor, a ter 3 anos de experiência na prática jurídica, e o caminho mais fácil para essa prática é a advocacia.
A OAB, que segundo Miguel Ângelo Cançado, presidente da seccional de Goiás, é a “instituição civil mais forte desse país”, tem um lobby muito forte dentro do congresso, e poderia muito bem passar uma nova emenda revogando tal dispositivo, ou tentar declará-lo inconstitucional frente uma ADIn.
Decerto pensam que mantendo dessa forma daqui alguns anos acabam os Juízes e Promotores, e aí eles poderão fazer a festa dentro do Judiciário.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Mula, ops, Lula, sempre diz Algo idiota

“São poderes da união, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Art. 2° da Constituição da República Federativa do Brasil.

Marco Aurélio Mello afirmou que o programa social do governo “territórios da cidadania” pode ser contestado judicialmente por ter caráter eleitoreiro, já que estamos em ano de eleições municipais.
Então veio o Mula, ops, Lula, com toda aquela sabedoria que lhe é peculiar, e disse, “Seria tão bom se o Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas dele. Iríamos criar a harmonia que está prevista na Constituição para que democracia seja garantida. [...] O governo não se mete no Legislativo e não se mete no Judiciário. Se cada um ficar no seu galho, o Brasil tem chance de ir em frente. Se cada um der palpite [nas coisas do outro], pode conturbar tranqüilidade que sociedade espera de nós”, em outras palavras, o que ele quis dizer é “você não dá pitaco no meu serviço que eu não dou no seu, me deixe roubar à vontade e em paz que quando eu instaurar minha ditadura eu não mexo com você”.
O nosso digníssimo Presidente recomendou ainda ao Ministro Marco Aurélio que, caso quisesse falar bobagens, que renunciasse ao cargo de Ministro e se candidatasse a um cargo público (será que ele fala isso por experiência própria?).
Marco Aurélio rebateu então com uma muito boa, “Sou uma pessoa que preconiza a liberdade de expressão e homenageia a espontaneidade. Só que a espontaneidade deve se fazer em um ambiente sadio, em um ambiente de equilíbrio, em alto nível, sem agressões e menos agressões pessoais. Conhecemos o estilo do presidente. Às vezes, quando deixa o script e parte para o improviso, ele não nos surpreende, ele nos estarrece, como nos estarreceu agora por último”.
Mas o melhor está por vir, ao final, Marco Aurélio para completar, lançou essa, “as bobagens não são uma primazia dos políticos”, muito bem colocado.
O Mula, desculpe, Lula, não satisfeito, falou que se o governo não puder governar em ano de eleição, o governo não vai governar. E falou ainda, com muita sabedoria, aquela que lhe é peculiar, que ele lançar programas sociais em ano de eleições municipais não configura como tendo caráter eleitoreiro os tais programas, já que ele não tem nada a ver com essa eleição, mas que se fosse em ano de eleição para Presidente, por exemplo, configuraria.
Ele está dando uma de Joãozinho-sem-braço, ou no caso, uma de Zezinho-sem-dedo. Agora, talvez o ministro Marco Aurélio esteja se precipitando e falando bobagens mesmo porque talvez nesta eleição o PT não coloque nenhum candidato no “mercado”. Lula, como ele mesmo já afirmou é a pessoa com mais moral nesse país, e se anda fazendo isso, é porque não terá candidatos seus buscando vaga nas prefeituras e câmaras de nenhum dos 958 municípios que serão atendidos pelo programa. Mas no município vizinho...
Agora, será que o nosso Magnânimo Presidente crê que a atuação do governo federal se limita a lançar programas sociais? Pois ele disse que se não pode governar em ano de eleição vai governar quando? Muita coincidência sair esse programa milagroso, investindo 11,3 bilhões de reais em programas de inclusão social justamente em ano de eleição. Embora o PT tenha argüido que eles sempre fazem os planos anteriormente e tem uma planilha detalhada, com as datas de lançamento e mais essas coisas, e acontece que eles não sabiam que esse ano teríamos eleições, afinal de contas, nem se preocupavam com isso. Assim disse Marcelo Rands, É inadmissível que alguém possa se colocar contra o programa. Não é eleitoreiro, pois os programas são decididos com antecedência e neste caso atinge áreas que precisam de política social".
E com certeza não se preocupavam e não se preocupam mesmo. Há alguns meses havia uma propaganda do Banco do Brasil dizendo que com três simples ações mudamos o mundo. E em todo lugar que se olhava era três pra lá e três pra cá. As mentes mais férteis já associaram isso com uma mensagem subliminar do governo para que o povo se acostume à idéia de um terceiro mandato do nosso esplendoroso Presidente Luiz Inácio “Mula” da Silva (desculpem gente, é Lula não é mesmo?). Não que eu acredite nessa conversa fiada de mensagem subliminar, mas de toda forma é melhor tomarmos cuidado, já que é fato notório o sonho do humilde operário que perdeu um dedinho e nunca mais conseguiu trabalhar por conta disso, de ser uma pedra no sapato de todo brasileiro com um mandato perpétuo.
É claro que ele nunca fica satisfeito. Sempre que fala besteira tem que dar uma maior que a anterior. Ele disse que a oposição achava que com o fim da CPMF daria um fim ao governo dele, e disse ainda que o nordestino que não morre de fome até os cinco anos não se curva diante da truculência da oposição, seja de direita ou esquerda. O pobre coitado que não morreu de fome aos cinco anos de idade e sobrevive até hoje numa seca infernal, sem um tostão no bolso e com uma penca de filhos nem sabe que governo tem oposição, acha que é tudo uma cambada de v******** da mesma laia e que nunca vão resolver o problema dele. Como de fato não vão mesmo.
Nosso tiraníssimo Presidente ainda convoca a seus aliados, onde, diga-se de passagem, nem para fazer passar a CPMF conseguiram, para que ajam para que “dêem um jeito” nessa “abelhudice” do Poder Judiciário. “Meus companheiros deputados e senadores, eu acho que vocês têm um papel a cumprir. Mais do que apoiar o meu governo e mais do que votar contra os que votam contra, é de fazer valer o Poder Legislativo brasileiro, que faz as leis. O Poder Judiciário interpreta as leis, não faz leis. Então, é preciso que a gente reordene as instituições brasileiras para que elas funcionem cada vez mais, democráticas e cada vez mais harmoniosas”. Mas creio que nessa fala ele se referia a todo o congresso nacional, sejam eles do PT ou não.
Com certeza ele quer que o Judiciário fique na dele, apenas lendo processos e decidindo em favor do governo.
Já que o Lula almeja essa “harmonia” contida no caput do art. 2° da nossa Carta Magna, onde em sua concepção, cada poder tem que ficar na sua, sem “meter o nariz” onde não é chamado, ele deveria dar o exemplo e acabar com sua festa de Medidas Provisórias. Afinal de contas quem legisla é o Legislativo, e não o Executivo, não sendo, portanto, serviço dele criar leis. Se ele tanto quer essa “harmonia” deveria dar o exemplo, já que se trata de pessoa que nenhum brasileiro tem mais moral, e acabar com essa farsa de CPI e CPMI, pois, em seu próprio exemplo, o Judiciário interpreta as leis, não faz leis, então, que seja política ou que seja bandido (embora as duas palavras sejam sinônimas) devem ser julgados sob a atuação direta do Poder Judiciário, sem foro privilegiado, e todas essas babaquices que foram construídas apenas para que eles possam agir sem serem punidos.
O STF, antes de qualquer coisa, é um Tribunal político, e não adianta esconder isso de ninguém. Quem indica os Ministros é o Presidente. Os Ministros, portanto, já chegam com uma pontinha de parcialidade lá dentro. Em decisões que envolvem o governo há uma pequena mãozinha puxando-os para o lado do governo. Marco Aurélio Mello agiu de forma parcial, mas contra o governo, exibindo publicamente sua opinião, e caso venha realmente tal ação até ele, já sabemos seu voto, embora corra risco enorme de ser vencido, mas mostrou pelo menos que não se curva a quem lhe deu o direito de lá estar, porque não foi escolhido para representar o governo, mas sim para representar a justiça, que é cega, surda, muda e não sente cheiro. Não é por estar lá por indicação do governo que deve ficar nas mãos dele para sempre. O Supremo Tribunal Federal não deve ser confundido com política, pois os juízes no momento que lá estão, são revestidos de jurisdição, é dado a eles o poder de dizer o direito no caso concreto, e esse direito deve buscar uma verdade, e a verdade é a que é posta a ele dentro dos autos, não a que lhe é cochichada ao ouvido quando ele é indicado e nomeado Ministro pelo Presidente e pelo Congresso Nacional.
Marco Aurélio pode até ter agido errado, mas agiu com extrema força de caráter, e colocou ainda Lula pra falar fora do “escrípte” (“aportuguesando” algumas palavras, para deixar Aldo Rebelo alegre), dando algumas declarações um tanto quanto suspeitas, e que pode fazer o brasileiro colocar suas “barbas de molho”.
A única “harmonia” que o Mula, Lula, me desculpem, mas é porque Mula e Lula são bastante parecidos, quer é a figura do Legislativo, Executivo e Judiciário concentrados em sua pessoa, pois dessa forma ele saberia administrar a “harmonia” contida no artigo 2° da Constituição Federal