quarta-feira, 5 de março de 2008

Mula, ops, Lula, sempre diz Algo idiota

“São poderes da união, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Art. 2° da Constituição da República Federativa do Brasil.

Marco Aurélio Mello afirmou que o programa social do governo “territórios da cidadania” pode ser contestado judicialmente por ter caráter eleitoreiro, já que estamos em ano de eleições municipais.
Então veio o Mula, ops, Lula, com toda aquela sabedoria que lhe é peculiar, e disse, “Seria tão bom se o Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas dele. Iríamos criar a harmonia que está prevista na Constituição para que democracia seja garantida. [...] O governo não se mete no Legislativo e não se mete no Judiciário. Se cada um ficar no seu galho, o Brasil tem chance de ir em frente. Se cada um der palpite [nas coisas do outro], pode conturbar tranqüilidade que sociedade espera de nós”, em outras palavras, o que ele quis dizer é “você não dá pitaco no meu serviço que eu não dou no seu, me deixe roubar à vontade e em paz que quando eu instaurar minha ditadura eu não mexo com você”.
O nosso digníssimo Presidente recomendou ainda ao Ministro Marco Aurélio que, caso quisesse falar bobagens, que renunciasse ao cargo de Ministro e se candidatasse a um cargo público (será que ele fala isso por experiência própria?).
Marco Aurélio rebateu então com uma muito boa, “Sou uma pessoa que preconiza a liberdade de expressão e homenageia a espontaneidade. Só que a espontaneidade deve se fazer em um ambiente sadio, em um ambiente de equilíbrio, em alto nível, sem agressões e menos agressões pessoais. Conhecemos o estilo do presidente. Às vezes, quando deixa o script e parte para o improviso, ele não nos surpreende, ele nos estarrece, como nos estarreceu agora por último”.
Mas o melhor está por vir, ao final, Marco Aurélio para completar, lançou essa, “as bobagens não são uma primazia dos políticos”, muito bem colocado.
O Mula, desculpe, Lula, não satisfeito, falou que se o governo não puder governar em ano de eleição, o governo não vai governar. E falou ainda, com muita sabedoria, aquela que lhe é peculiar, que ele lançar programas sociais em ano de eleições municipais não configura como tendo caráter eleitoreiro os tais programas, já que ele não tem nada a ver com essa eleição, mas que se fosse em ano de eleição para Presidente, por exemplo, configuraria.
Ele está dando uma de Joãozinho-sem-braço, ou no caso, uma de Zezinho-sem-dedo. Agora, talvez o ministro Marco Aurélio esteja se precipitando e falando bobagens mesmo porque talvez nesta eleição o PT não coloque nenhum candidato no “mercado”. Lula, como ele mesmo já afirmou é a pessoa com mais moral nesse país, e se anda fazendo isso, é porque não terá candidatos seus buscando vaga nas prefeituras e câmaras de nenhum dos 958 municípios que serão atendidos pelo programa. Mas no município vizinho...
Agora, será que o nosso Magnânimo Presidente crê que a atuação do governo federal se limita a lançar programas sociais? Pois ele disse que se não pode governar em ano de eleição vai governar quando? Muita coincidência sair esse programa milagroso, investindo 11,3 bilhões de reais em programas de inclusão social justamente em ano de eleição. Embora o PT tenha argüido que eles sempre fazem os planos anteriormente e tem uma planilha detalhada, com as datas de lançamento e mais essas coisas, e acontece que eles não sabiam que esse ano teríamos eleições, afinal de contas, nem se preocupavam com isso. Assim disse Marcelo Rands, É inadmissível que alguém possa se colocar contra o programa. Não é eleitoreiro, pois os programas são decididos com antecedência e neste caso atinge áreas que precisam de política social".
E com certeza não se preocupavam e não se preocupam mesmo. Há alguns meses havia uma propaganda do Banco do Brasil dizendo que com três simples ações mudamos o mundo. E em todo lugar que se olhava era três pra lá e três pra cá. As mentes mais férteis já associaram isso com uma mensagem subliminar do governo para que o povo se acostume à idéia de um terceiro mandato do nosso esplendoroso Presidente Luiz Inácio “Mula” da Silva (desculpem gente, é Lula não é mesmo?). Não que eu acredite nessa conversa fiada de mensagem subliminar, mas de toda forma é melhor tomarmos cuidado, já que é fato notório o sonho do humilde operário que perdeu um dedinho e nunca mais conseguiu trabalhar por conta disso, de ser uma pedra no sapato de todo brasileiro com um mandato perpétuo.
É claro que ele nunca fica satisfeito. Sempre que fala besteira tem que dar uma maior que a anterior. Ele disse que a oposição achava que com o fim da CPMF daria um fim ao governo dele, e disse ainda que o nordestino que não morre de fome até os cinco anos não se curva diante da truculência da oposição, seja de direita ou esquerda. O pobre coitado que não morreu de fome aos cinco anos de idade e sobrevive até hoje numa seca infernal, sem um tostão no bolso e com uma penca de filhos nem sabe que governo tem oposição, acha que é tudo uma cambada de v******** da mesma laia e que nunca vão resolver o problema dele. Como de fato não vão mesmo.
Nosso tiraníssimo Presidente ainda convoca a seus aliados, onde, diga-se de passagem, nem para fazer passar a CPMF conseguiram, para que ajam para que “dêem um jeito” nessa “abelhudice” do Poder Judiciário. “Meus companheiros deputados e senadores, eu acho que vocês têm um papel a cumprir. Mais do que apoiar o meu governo e mais do que votar contra os que votam contra, é de fazer valer o Poder Legislativo brasileiro, que faz as leis. O Poder Judiciário interpreta as leis, não faz leis. Então, é preciso que a gente reordene as instituições brasileiras para que elas funcionem cada vez mais, democráticas e cada vez mais harmoniosas”. Mas creio que nessa fala ele se referia a todo o congresso nacional, sejam eles do PT ou não.
Com certeza ele quer que o Judiciário fique na dele, apenas lendo processos e decidindo em favor do governo.
Já que o Lula almeja essa “harmonia” contida no caput do art. 2° da nossa Carta Magna, onde em sua concepção, cada poder tem que ficar na sua, sem “meter o nariz” onde não é chamado, ele deveria dar o exemplo e acabar com sua festa de Medidas Provisórias. Afinal de contas quem legisla é o Legislativo, e não o Executivo, não sendo, portanto, serviço dele criar leis. Se ele tanto quer essa “harmonia” deveria dar o exemplo, já que se trata de pessoa que nenhum brasileiro tem mais moral, e acabar com essa farsa de CPI e CPMI, pois, em seu próprio exemplo, o Judiciário interpreta as leis, não faz leis, então, que seja política ou que seja bandido (embora as duas palavras sejam sinônimas) devem ser julgados sob a atuação direta do Poder Judiciário, sem foro privilegiado, e todas essas babaquices que foram construídas apenas para que eles possam agir sem serem punidos.
O STF, antes de qualquer coisa, é um Tribunal político, e não adianta esconder isso de ninguém. Quem indica os Ministros é o Presidente. Os Ministros, portanto, já chegam com uma pontinha de parcialidade lá dentro. Em decisões que envolvem o governo há uma pequena mãozinha puxando-os para o lado do governo. Marco Aurélio Mello agiu de forma parcial, mas contra o governo, exibindo publicamente sua opinião, e caso venha realmente tal ação até ele, já sabemos seu voto, embora corra risco enorme de ser vencido, mas mostrou pelo menos que não se curva a quem lhe deu o direito de lá estar, porque não foi escolhido para representar o governo, mas sim para representar a justiça, que é cega, surda, muda e não sente cheiro. Não é por estar lá por indicação do governo que deve ficar nas mãos dele para sempre. O Supremo Tribunal Federal não deve ser confundido com política, pois os juízes no momento que lá estão, são revestidos de jurisdição, é dado a eles o poder de dizer o direito no caso concreto, e esse direito deve buscar uma verdade, e a verdade é a que é posta a ele dentro dos autos, não a que lhe é cochichada ao ouvido quando ele é indicado e nomeado Ministro pelo Presidente e pelo Congresso Nacional.
Marco Aurélio pode até ter agido errado, mas agiu com extrema força de caráter, e colocou ainda Lula pra falar fora do “escrípte” (“aportuguesando” algumas palavras, para deixar Aldo Rebelo alegre), dando algumas declarações um tanto quanto suspeitas, e que pode fazer o brasileiro colocar suas “barbas de molho”.
A única “harmonia” que o Mula, Lula, me desculpem, mas é porque Mula e Lula são bastante parecidos, quer é a figura do Legislativo, Executivo e Judiciário concentrados em sua pessoa, pois dessa forma ele saberia administrar a “harmonia” contida no artigo 2° da Constituição Federal

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