Uma pequena cidade da Áustria ficou chocada ao descobrir que um senhor de 72 anos de idade manteve presa no porão de sua casa, durante 24 anos sua filha, e abusando sexualmente dela durante todo esse tempo, onde da relação nasceram sete filhos. Um morreu logo após o nascimento, três ele colocou na porta de casa, com um bilhete escrito pela filha, como se ela estivesse deixando-os aos cuidados do pai e da mãe, e outros três continuaram presos juntos com a mãe.
Os habitantes da pequena Amstteten se disseram chocados com o acontecimento, e revoltados pelo fato de nunca terem descoberto isso antes, de não terem notado, de não terem feito nada.
Reação semelhante foram as dos moradores do prédio onde Sílvia Calabresi prendia e torturava a menina L., de 12 anos de idade.
Essas pessoas talvez não tenham em mente pensamentos tão altruístas como imaginamos que tenham, ao fazerem tais relatos. Ora, em um prédio já seria difícil descobrir o que se passa dentro de uma casa, já que, a menos que você seja um vizinho curiosíssimo e intrometido, pode nunca passar da sala de visitas de seu vizinho. Sílvia tapava a boca da garota para que não gritasse, e a escondia dentro de sua casa, agia normalmente, uma pessoa longe de qualquer suspeita. Imaginem então numa cidade, não importa o tamanho, a menos que seja um povoado, um vilarejo, não há como descobrir o que acontece em todos os pontos.
Por qual motivo então os vizinhos e moradores se dizem tão indignado com o acontecimento, se dizem revoltados consigo mesmos pelo fato de não estarem atentos para esses acontecimentos? De não terem descoberto tais atos vis antes?
O verdadeiro motivo é que querem mostrar à sociedade que apesar de conviverem com aqueles monstros, de terem sido amigos, de terem conversado, e de terem até os admirado, não os fazem ser iguais, ter os mesmos pensamentos, querem afastar a probabilidade de outra pessoa olhar e pensar que ele faz igual. Esse é o verdadeiro motivo de dizerem “Como não percebi isso antes?”, ou “Estava tudo debaixo do meu nariz, talvez se eu tivesse sido mais atento!”.
Todos nós, humanos que somos temos pensamentos negros às vezes, que não compartilhamos talvez nem com a pessoa mais próxima a nós, e daí podemos praticar o ato imoral, ou afasta-lo de nossos pensamentos. Muitas vezes castigamos as crianças, pois merecem elas algumas lições para que se sintam coagidas a não praticar os atos que queremos corrigir. Algumas vezes passamos dos limites, mas por qualquer motivo que seja, não acontece nada, ou não nenhuma conseqüência mais grave, ou há conseqüências graves, como o exemplar caso da menina Isabella, que, segundo dizem os laudos periciais, morreu nas mãos da madrasta e do pai, pois desejam aplicar-lhe um castigo, uma pena, uma sanção.
Ao acontecer crimes como este, as pessoas passam a pensar naquela atitude que tiveram ontem, que talvez não tenha sido grande coisa, mas pode-se tornar grande coisa. E querem afastar isso deles, se auto-afirmando criticando tão duramente, não os autores dos crimes, pois em momento nenhum li os moradores do prédio de Sílvia criticá-la, mas se criticando. Diziam que ela era uma boa pessoa, uma pessoa normal, que nunca acreditavam que ela poderia ter aquele tipo de atitude, e que muito fica chocado, pois nunca percebeu nada antes.
Todos gritamos, discutimos, temos reações as mais diversas, que às vezes passam do limite, e às vezes não, e casos como esses que acontecem nos põem a pensar como seria se tivesse passado dos limites. Queremos então afastar os olhares de nós e de nossas casas, com afirmações como essas, para se libertar, para tentar provar para os outros que isso não acontecerá conosco.
Tentar descobrir essas coisas é algo fora do nosso alcance, do nosso poder, do nosso domínio. Nunca saberemos as coisas que acontecem após fecharem-se as portas. Casos como esse nada mais são que o corriqueiro caso do marido perfeito que todo dia bate na mulher, e quando descobrimos é tarde demais, só que com proporções acima, ou não, pois no caso de Maria da Penha, tornou-se ela aleijada, e todos dizem a mesma coisa, “Como isso passou despercebido? Sempre ia à casa deles. Sempre via ela machucada, e ela desconversava. Eu devia ter percebido isso antes e dito à polícia”.
Nós humanos temos esse sentimento auto-protetor, buscamos resguardar nosso honra e nossa moral criticando tão duramente nossos atos “omissos” quando descobrimos coisas que os outros fizerem ao nosso lado e que muitas vezes imaginamos fazer também, mas soubemos fazer a escolha certa, e nosso vizinho não soube.
De longe todos dizem, ajudam, encorajam, tudo para se auto-afirmarem.
Os habitantes da pequena Amstteten se disseram chocados com o acontecimento, e revoltados pelo fato de nunca terem descoberto isso antes, de não terem notado, de não terem feito nada.
Reação semelhante foram as dos moradores do prédio onde Sílvia Calabresi prendia e torturava a menina L., de 12 anos de idade.
Essas pessoas talvez não tenham em mente pensamentos tão altruístas como imaginamos que tenham, ao fazerem tais relatos. Ora, em um prédio já seria difícil descobrir o que se passa dentro de uma casa, já que, a menos que você seja um vizinho curiosíssimo e intrometido, pode nunca passar da sala de visitas de seu vizinho. Sílvia tapava a boca da garota para que não gritasse, e a escondia dentro de sua casa, agia normalmente, uma pessoa longe de qualquer suspeita. Imaginem então numa cidade, não importa o tamanho, a menos que seja um povoado, um vilarejo, não há como descobrir o que acontece em todos os pontos.
Por qual motivo então os vizinhos e moradores se dizem tão indignado com o acontecimento, se dizem revoltados consigo mesmos pelo fato de não estarem atentos para esses acontecimentos? De não terem descoberto tais atos vis antes?
O verdadeiro motivo é que querem mostrar à sociedade que apesar de conviverem com aqueles monstros, de terem sido amigos, de terem conversado, e de terem até os admirado, não os fazem ser iguais, ter os mesmos pensamentos, querem afastar a probabilidade de outra pessoa olhar e pensar que ele faz igual. Esse é o verdadeiro motivo de dizerem “Como não percebi isso antes?”, ou “Estava tudo debaixo do meu nariz, talvez se eu tivesse sido mais atento!”.
Todos nós, humanos que somos temos pensamentos negros às vezes, que não compartilhamos talvez nem com a pessoa mais próxima a nós, e daí podemos praticar o ato imoral, ou afasta-lo de nossos pensamentos. Muitas vezes castigamos as crianças, pois merecem elas algumas lições para que se sintam coagidas a não praticar os atos que queremos corrigir. Algumas vezes passamos dos limites, mas por qualquer motivo que seja, não acontece nada, ou não nenhuma conseqüência mais grave, ou há conseqüências graves, como o exemplar caso da menina Isabella, que, segundo dizem os laudos periciais, morreu nas mãos da madrasta e do pai, pois desejam aplicar-lhe um castigo, uma pena, uma sanção.
Ao acontecer crimes como este, as pessoas passam a pensar naquela atitude que tiveram ontem, que talvez não tenha sido grande coisa, mas pode-se tornar grande coisa. E querem afastar isso deles, se auto-afirmando criticando tão duramente, não os autores dos crimes, pois em momento nenhum li os moradores do prédio de Sílvia criticá-la, mas se criticando. Diziam que ela era uma boa pessoa, uma pessoa normal, que nunca acreditavam que ela poderia ter aquele tipo de atitude, e que muito fica chocado, pois nunca percebeu nada antes.
Todos gritamos, discutimos, temos reações as mais diversas, que às vezes passam do limite, e às vezes não, e casos como esses que acontecem nos põem a pensar como seria se tivesse passado dos limites. Queremos então afastar os olhares de nós e de nossas casas, com afirmações como essas, para se libertar, para tentar provar para os outros que isso não acontecerá conosco.
Tentar descobrir essas coisas é algo fora do nosso alcance, do nosso poder, do nosso domínio. Nunca saberemos as coisas que acontecem após fecharem-se as portas. Casos como esse nada mais são que o corriqueiro caso do marido perfeito que todo dia bate na mulher, e quando descobrimos é tarde demais, só que com proporções acima, ou não, pois no caso de Maria da Penha, tornou-se ela aleijada, e todos dizem a mesma coisa, “Como isso passou despercebido? Sempre ia à casa deles. Sempre via ela machucada, e ela desconversava. Eu devia ter percebido isso antes e dito à polícia”.
Nós humanos temos esse sentimento auto-protetor, buscamos resguardar nosso honra e nossa moral criticando tão duramente nossos atos “omissos” quando descobrimos coisas que os outros fizerem ao nosso lado e que muitas vezes imaginamos fazer também, mas soubemos fazer a escolha certa, e nosso vizinho não soube.
De longe todos dizem, ajudam, encorajam, tudo para se auto-afirmarem.
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